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03/06/2013ㅤ Publicado às 16:00

© Mondadori.com

 

  Cinco meses depois da morte de Oscar Niemeyer, a sede do Partido Comunista em Parisestá dedicando uma exposição à obra-prima do arquiteto, a construção da cidade de Brasília. Com uma coleção de 200 peças entre documentos inéditos, fotografias e maquetes, a mostra “Brasília, Meio Século da Capital do Brasil” relembra a concepção modernista e comprometida da maioria de seus criadores, como o urbanista Lúcio Costa, o paisagista Roberto Burle Marx e o próprio Niemeyer.

 

  A proposta de transferir a capital para o interior do País era uma velha ideia que foi defendida pelo marquês de Pombal durante o período colonial, quando o centro nervoso do país era Salvador. No entanto, a evolução cultural, urbanística e política, assim como o ar vanguardista que o grupo de Niemeyer deu à cidade, conseguiram afastar Brasília da imagem de cidade agrícola e rural e a colocaram no cenário internacional.

 

  Tanto que 27 anos depois da inauguração da capital, (21 de abril de 1960), Brasília foi declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, tornando-se assim a única cidade construída no século 20 a receber esse reconhecimento.

 

Entre os prédios originais mais famosos da cidade se destacam as duas abóbadas invertidas do Congresso Nacional, os 16 pilares de concreto que evocam braços erguidos para o céu da Catedral de Brasília e o Palácio do Itamaraty que parece flutuar sobre a água. “O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que se encontra nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos rios, nas nuvens e no corpo da mulher”, dizia Niemeyer, que morreu no último dia 5 de dezembro aos 104 anos.

 

  Em cinco anos, Brasília surgiu como um conjunto harmônico de formas, volumes, estruturas, vias, espaços cheios e vazios que dialogam com uns edifícios majestosos e complexos, apesar da simplicidade dos elementos combinados. A epopéia, como lembra a mostra, também foi obra dos mais de 60 mil operários que trabalharam 18 horas por dia em “condições deploráveis” para dar forma ao “delírio” do presidente Kubitschek.

 

  Durante seu exílio político na França, o mestre modernista ofereceu a seus camaradas do Partido Comunista uma sede para em Paris, que lembra as curvas e linhas de Brasília e que é, justamente, o prédio que exibe a exposição até 29 de junho. “Niemeyer estava muito ligado a Paris e ao PCF, já que viveu aqui durante os anos da ditadura brasileira. Por isso, decidimos fazer a exposição na sede do partido, sua primeira obra no exterior, que ele mesmo concebeu de maneira gratuita e desinteressada e à qual tinha verdadeiro apreço”, disse Patrícia Trautmann, produtora artística do projeto em Paris.

 

Fonte: ArchDaily Brasil

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