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21/10/2013ㅤ Publicado às 16:32

Se conquistas sociais não são alcançadas sem mobilização, as conquistas dentro do âmbito de categoria profissional também só avançam quando os profissionais se unem por objetivos comuns. Nos últimos anos, os esforços dos arquitetos convergiram para a criação de um conselho próprio de arquitetura e urbanismo – o CAU -, e agora arquitetos não respondem mais ao sistema de engenharia e agronomia. Porém, ainda é grande a queixa de falta de representatividade da categoria, como um todo, perante a sociedade. Isso remete à representatividade interna, e ao questionamento se não haveria uma falta de união entre os próprios arquitetos para discutir e defender questões relativas ao exercício da profissão. Seriam os arquitetos uma categoria desagregada? Há mudanças nesse sentido?

Sérgio Magalhães
arquiteto e urbanista, presidente do IAB

Não e sim. Os arquitetos já estão inseridos na sociedade de modo amplo e disseminado, não são mais seres raros. Há um conjunto de ideais compartilhado por um grande número de colegas, o que ajuda a fazer dos arquitetos uma categoria com identidade. A união se dá nesse compartilhamento. A desunião, no sentido de separação, se dá pelo embate do cotidiano, a exigir tantas e tão múltiplas responsabilidades que não permitem o usufruto do convívio, matriz e condição para a camaradagem. Não vejo desunião no sentido de divergência. O IAB, quase centenário, reafirma seu papel de representação reconhecida pela sociedade, até além do que seria resultado da participação do quadro associativo, que aliás é voluntário. Certamente, a unidade de propósitos na ação política é uma permanente construção, que sempre precisa ser valorizada.

 

Erico Masiero
arquiteto, sócio do Masiero & Wakamatu Arquitetura

Sim, porém não acredito que a desunião dos arquitetos decorra simplesmente do baixo interesse dos profissionais em participar das organizações sociais e de serem despolitizados. Entendo que a natureza da atividade, em geral, possibilita que o profissional se envolva com uma imensa gama de atribuições. A frequente queda de braço entre planejadores urbanos e empreendedores imobiliários, por exemplo, é um típico caso em que profissionais com a mesma formação acadêmica defendem pontos de vista diferentes perante a sociedade e desempenham funções até conflituosas. A diversidade de paradigmas sempre vai existir, e sobretudo fortalece a civilidade e os processos de tomada de decisão. No entanto, se exigimos maior valorização da profissão, é fundamental buscarmos convergência de opiniões em relação às questões de atuação profissional.

 

Samuel Kruchin
titular da Kruchin Arquitetura

Sim e não. Não, pela capacidade de estruturação da categoria – foi aprovado um conselho independente e autônomo, o CAU, que pode ampliar a capacidade de gestão e a formulação de políticas profissionais de interesse geral. Tais possibilidades dependem, por sua vez, da capacidade de essa mesma categoria discutir, pensar seus interesses e levá-los adiante e, para isso, seus níveis de integração serão fundamentais. E sim, enquanto capacidade de discutir entre arquitetos a própria arquitetura, o trabalho feito, enquanto potencial para polemizar com a sociedade, com o mercado, com a própria cultura como esta acontece hoje – midiática, espetacularizada. Os IABs, durante a instalação da proposta modernista, cumpriram esse papel, mas esvaziaram-se nas últimas décadas e, vale lembrar, os efeitos desagregadores sobre a cultura durante o regime militar colaboraram muito para tais fraturas. Recriarmos o debate, a polêmica e o sentido mais radical da arquitetura é o horizonte.

 

Angelo Bucci
arquiteto e urbanista, professor da FAUUSP e sócio do escritório SPBR

É notável que os arquitetos brasileiros vêm se agregando profissionalmente cada vez mais e melhor desde os anos de 1980, com a retomada do regime democrático. Duas evidências disso: a criação do CAU e a renovação do IAB. A agregação da categoria é proporcional ao nível do seu estabelecimento social, que por sua vez se apoia nas instituições que amparam a formação do arquiteto e a sua atividade – os campos acadêmico e profissional. Uma escala distinta e nova de agregação marca uma superação das instituições tradicionais: os laços de intercâmbio profissional e acadêmico entre os países da América do Sul. Trata-se de um intercâmbio horizontal que tem se mostrado extremamente profícuo e produtivo. E sempre vale destacar: é muito importante que se conceba a atividade da arquitetura como pertencente ao campo da cultura, pois é sobretudo nesse campo que a agregação soma, é aqui que os arquitetos juntos são mais do que poderiam ser isoladamente.

 

Clara Reynaldo
arquiteta, sócia da CR2 Arquitetura

Sim. Apesar de haver identidades de classe como IAB, CAU e Sinaenco, em geral os arquitetos se interessam muito pouco pelos assuntos pertinentes ao exercício da profissão. É uma pena, pois se perde uma grande oportunidade de debater a importância da profissão na sociedade, fazendo-a mais presente, e também debater assuntos mais presentes à classe, como remuneração, direitos, deveres e responsabilidades. Enquanto os arquitetos não se unirem, se valorizarem e se defenderem, não podem esperar que a sociedade compreenda o papel do arquiteto em sua plenitude. Espero que com a vinda do CAU isso mude.

 

Adriana Levisky
sócia-diretora de Levisky Arquitetos | Estratégia Urbana e vice-presidente da AsBEA

Arquitetos urbanistas são qualificados para atuar no espaço em diversas escalas: desde o objeto, passando pelo edifício, até o tecido urbano. Trata-se de uma profissão diretamente relacionada às questões sociais, culturais, ambientais e econômicas, o que exige responsabilidade, respeito, ética profissional e estudo qualificado constante. O trabalho em equipe colaborativa e interdisciplinar é essencial para que seja possível responder de maneira eficiente aos desafios atuais apresentados pelos empreendedores e também aos anseios da comunidade no processo de desenvolvimento das cidades. Vivemos um momento de oportunidade e atenção: ganhamos o CAU, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo. O código de ética profissional, a adequação da tabela de honorários, o manual de escopo, além de tantas outras ações políticas, institucionais e estratégicas para o fortalecimento da profissão devem prevalecer. É uma urgência e uma oportunidade.

 

Fonte: AU Pini

Comunicação CAU/MT

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