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02/03/2015ㅤ Publicado às 16:56

Ausência de drenagem, infiltrações, ruptura e danificação de lajes e falhas de concretagem são alguns dos problemas

O Viaduto da Sefaz, que está interditado por falhas na execução do projeto

Obras executadas em desconformidade com o projeto, fissuras detectadas em uma série de estruturas, ausência de tubos de drenagem, infiltrações, ruptura e danificação de lajes, além de falhas de concretagem e rachaduras em revestimentos asfálticos.

Estes problemas estão entre os principais apontamentos contidos nos laudos de desempenho estrutural e de qualidade das obras de mobilidade urbana em Cuiabá.

Os documentos foram elaborados pelo Laboratório de Sistemas Estruturais (LSE) e são fruto de um contrato firmado, por dispensa de licitação, entre a LSE e a então Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), em 2014. O valor contratual é de R$ 2.591.581,40.

A determinação de se realizar o estudo foi do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Conforme especifica o objeto, cabe ao laboratório a realização de avaliação estrutural e ensaios dinâmicos das obras de artes especiais, com análise da qualidade do projeto executivo; provas de cargas dinâmicas; medidas das variações de temperatura (termômetros), registro simultâneo e sincronizado das ações de veículo de prova instrumentado e respostas da estrutura.

O contrato contempla, ainda, a publicação de relatórios técnicos consolidando o desempenho de cada uma das obras, bem como as recomendações para a manutenção delas.

Ao todo, 13 obras foram alvo de análise do LSE e os resultados evidenciam uma série de falhas graves e problemas estruturais.

Confira os principais apontamentos de cada uma delas:

Viaduto da Sefaz

Inaugurada em fevereiro de 2014, a obra do Viaduto da Sefaz precisou ser interditada seis meses depois. A interdição foi necessária por conta da detecção de fissuras nas juntas de dilatação do elevado.

Os laudos do LSE apontam além das fissuras detectadas em várias partes da estrutura, a ausência de cunha de nivelamento dos aparelhos de apoio. Conforme o laboratório, a cunha de nivelamento é necessária para evitar esforços horizontais no elevado.

No caso da obra do viaduto da Sefaz, o LSE também teve acesso ao chamado “diário da obra”, com anotações feitas pelo consórcio VLT-Cuiabá no decorrer dos trabalhos. O próprio consórcio executor revelou que as cortinas do elevado – assim como outros processos – estavam sendo executadas sem a apresentação da revisão dos projetos executivos.

Outros serviços, conforme relata o diário, não foram executados conforme previsto em contrato. Um dos últimos registros da obra, relata que em 07/02/2014 foi iniciada a execução de alguns reparos encontrados na estrutura do Viaduto. Contudo, em 08/02/2014, foi iniciada a pintura do viaduto, sem a completa execução dos reparos na estrutura.

“De acordo com os registros nos diários de obra, durante a construção do viaduto foram identificadas não conformidades durante a execução da terra armada nos encontros 1 e 2, que ocasionaram erosão nessas regiões quando atingidas por fortes chuvas. Considerando-se os relatos, não foram tomadas medidas adequadas para conter a terra armada, pelo contrário, a atividade de remoção do solo saturado provocou a ruptura de mais fitas de escamas, elementos que são posicionados nas camadas de terra armada para aumentar sua resistência a tração”, diz trechos do documento.

O laudo observou, em sua conclusão, a necessidade de reforço da estrutura contemplando das fundações do elevado até a superestrutura. “Somente poderá entrar em uso pleno após a aprovação por uma nova e completa inspeção, com aplicação de cargas dinâmicas da mesma natureza das previstas para a obra em serviço”, disse o documento.

Tais serviços já estão sendo executados sob a responsabilidade do consórcio construtor da obra. Informações da equipe do Governo do Estado são de que os trabalhos devem ser concluídos em, no mínimo, sete meses. Durante esse período, a avenida do CPA segue parcialmente interditada.

No Viaduto da UFMT, foi detectada a ausência de tubo de drenagem entre vigas

Viaduto da UFMT

Parte do pacote de implantação do VLT na Grande Cuiabá, orçado em R$ 1,477 bilhão, o elevado da UFMT tinha previsão inicial de inauguração no primeiro semestre de 2013 e acabou sendo inaugurado em dezembro daquele ano.

Antes mesmo de sua inauguração, foram detectadas falhas cometidas pelo consórcio na execução dos pilares que sustentam o elevado e que precisaram ser corrigidas para garantir o nivelamento das três faixas do viaduto.

Os laudos de desempenho estrutural e de qualidade apresentaram falhas como a ausência de tubo de drenagem entre vigas da estrutura.

Também nesta obra o LSE teve acesso ao diário de execução dos trabalhos que relataram, por exemplo, que “a moldagem do concreto para a cortina do encontro E2 realizou-se fora do alinhamento vertical”.

Foi observado ainda, a utilização de concreto moldado in loco em algumas lajes de transição, em detrimento do concreto pré-moldado, conforme havia sido especificado no projeto da obra. O Laboratório, contudo, pontuou que essas irregularidades não comprometem o desempenho estrutural da obra.

Viaduto Dom Orlando Chaves

Última obra a ser licitado pelo Governo do Estado, a obra do Viaduto da Dom Orlando Chaves, em Várzea Grande, tinha custo inicial de

Na obra da Dom Orlando Chaves, houve a ruptura de pré-lajes

R$ 17 milhões, mas o valor chegou a R$ 19,2 após aditivos firmados no contrato.

Assim como em demais obras, o levantamento das fissuras e dos danos aparentes da estrutura foi realizado a partir de observações visuais, que foram registrados por fotografia e layout das fissuras.

A partir desse levantamento, foram constatados problemas como a danificação de abas das longarinas e das pré-lajes (em alguns casos com rachaduras e armaduras expostas), a ruptura de pré-lajes, além de falhas de concretagem e rachaduras em revestimentos asfálticos.

Trincheira Mário Andreazza

Orçada em R$ 26,2 milhões a obra da Trincheira Mário Andrezza apresenta falhas como o desalinhamento das paredes dos muros, infiltrações nas cortinas, e as chamadas eflorescências (fissuras e manchas decorrentes de infiltração de água pelas paredes).

Irregularidades como estas, puderam ser observadas a partir de uma inspeção visual da obra.

Já por meio de um levantamento topográfico, verificaram-se desvios medidos nas cortinas e muros da trincheira. Alguns dados indicam que houve falhas de execução no que se refere ao controle geométrico das paredes e muros das trincheiras.

O relatório aponta também diferenças na obra executada quando comparado ao que havia sido projetado. “As medidas nas paredes do trecho central da trincheira indicam que a largura da trincheira nessa região é menor do que os valores previstos em projeto. Essa redução de largura pode também indicar a existência de parede de concreto com espessura maior do que aquela especificada em projeto”, diz trecho do documento.

A imagem mostra o desalinhamento das paredes dos muros na Trincheira da Mário Andreazza

Foi verificado ainda, que na trincheira Mário Andreazza foram utilizados tirantes com aço de resistências menores que as especificadas em projeto.

Assim como as demais obras de mobilidade urbana analisadas, a Trincheira Mário Andreazza, segundo apontou o laudo, está habilita para utilização normal, conforme as finalidades projetadas.

Contudo, “conclui-se que a durabilidade da trincheira para uma vida útil de 100 anos somente pode ser garantida se houver a realização dos serviços de mitigação das infiltrações, destacando-se as realização de drenagem na vizinhança das cortinas mais altas, visando minimizar o ataque nas armaduras das cortinas, garantindo assim a durabilidade da estrutura”, diz trecho do laudo.

Viaduto do Despraiado

Executado pelo consórcio Atracon (formado pelas empresas Atrativa e Constral), ao valor de R$ 21 milhões, a obra do Viaduto do Despraiado é uma das que mais apresenta irregularidades, conforme aponta o laudo de desempenho estrutural e de qualidade.

As inspeções apontaram aspectos de fissuração das vigas, indícios de corrosão das armaduras de protensão, deformações exageradas dos aparelhos de apoio, falhas na concretagem da estrutura e outras indicações de possíveis interfaces de degradação do concreto ou aço.

O laudo mostra que as infiltrações observadas nos apoios da estrutura e no topo das longarinas estão favorecendo a acelerada ação de corrosão nas armaduras do elevado.

O LSE realizou ainda, ensaios para determinação do módulo de elasticidade e da resistência à compressão do concreto. A análise apresentou um valor bem inferior ao especificado. A partir de então, o Laboratório recomendou que os valores sejam encaminhados ao projetista da obra para avaliação.

Foi recomendado ainda, a reabilitação das pré-lajes, para garantir a durabilidade do tabuleiro, com injeção das fissuras nos meios dos vãos e recuperação da geometria nas regiões onde observa-se armadura exposta, garantindo-se o cobrimento das armaduras e também das vigas longarinas protendidas.

Trincheira KM Zero

Localizada na avenida da FEB, próximo ao acesso para Av. 31 de Março, a Trincheira do KM Zero possui 200 metros de extensão e uma estrutura composta por dois viadutos e passagem inferior com muros de arrimo e estacas atirantadas.

Análises da obra foram feitas de acordo com documentos encaminhados ao LSE, pela equipe de engenharia da Secopa. A partir de então, foram constatadas algumas ocorrências, sendo a principal delas, a divergência entre o projeto e a execução do empreendimento.

Em uma análise visual foram identificadas, por exemplo, leves inclinações de estacas quando comparadas as demais. De um modo geral, o relatório recomendou a realização de inspeções visuais periódicas, seguidas de manutenção preventiva ou substituição de partes se necessário. As medidas, segundo o laudo, visam a garantia da vida útil da obra (100 anos).

Na Ponte Júlio Muller, foi constatado o desaprumo de um dos pilares

Ponte Júlio Muller

Os laudos do laboratório apontaram a existência de uma série de falhas na obra da Ponte Julio Muller, em Várzea Grande. A começar, na inspeção visual, pelos defeitos de segregação do concreto e da exposição de armaduras. Conforme apontou o documento, esses problemas são decorrentes de má vibração do concreto durante a execução da obra.

Foram encontradas também, fissuras nas lajotas pré-moldadas, infiltrações na estrutura e pilares em desaprumo.

Conforme apurou o laboratório, por conta desse desaprumo, alguns pilares acabaram sendo demolidos e as estruturas refeitas.

Viaduto do Aeroporto

De acordo com o LSE, a avaliação da segurança estrutural e da qualidade do viaduto do Aeroporto foi realizada com análise do projeto executivo, contemplando o memorial de cálculo, seguida de inspeções detalhadas na obra.

Desta análise, foram constatadas entre outros pontos, a danificação de abas das longarinas das estruturas, infiltrações, fissuras em vigas, no tabuleiro e no berço do trilho do viaduto, além da exposição de armaduras de ferro em cantos das cortinas.

Os laudos apontaram também, a existência de fissuras no viaduto, entre trilhos centrais, com ocorrência sistemática em média a cada 10m, abertura de 0,3mm.

Trincheira do Verdão

Orçada em pouco mais de R$ 26 milhões, a obra da Trincheira do Verdão também teve detectada uma série de irregularidades conforme o laudo apontado pelo LSE.

Assim como constatado em outras obras, foi verificada neste caso, a ocorrência das chamadas eflorescências nas paredes das cortinas da trincheira, além de fissuras.

Conforme o laudo detectou-se também a ocorrência de armadura exposta e segregação do concreto, assim como infiltração causada pelas fissuras das paredes das cortinas atirantadas. Segundo o laboratório, este fato é caracterizado pela falha na drenagem dessa estrutura.

Após avaliação do projeto executivo e das inspeções realizadas, foi recomendada a injeção de todas as fissuras existentes na obra com resina epoxídica, a manutenção da drenagem nas vias superiores da trincheira para evitar acúmulos de água pluvial e aumentar as cargas horizontais nas cortinas, por infiltração, entre outras advertências.

Trincheira Jurumirim

Laudo apontou generalizado estado de infiltração ao longo da Trincheira Jurumirim

Com custo inicial previsto em R$ 39,9 milhões, a Trincheira Jurumirim teve contrato reajustado para R$ 50,5 milhões e foi entregue pelo Governo com pouco mais de dois anos e meio de atraso.

Segundo laudo estrutural verificou-se, durante a inspeção, que a drenagem da obra foi realizada posteriormente à sua execução, o que levou a seu generalizado estado de infiltração ao longo da cortina.

Foram localizadas uma série de infiltrações ao redor dos drenos e o visivel escoamento de água na estrutura das paredes.

Viaduto MT-040

O elevado localizado na avenidas Fernando Côrrea da Costa foi iniciado em fevereiro de 2013 e liberado para a tráfego de veículos em dezembro de 2014. A obra integra o pacote de implantação do VLT.

Entre as falhas detectadas nessa obra estão a danificação de partes da estrutura, como as pré-lajes, a exposição de fissuras e armaduras, além das infiltrações nos apoios da estrutura e defeitos de construção de vigas.

Por meio do diário de obra, o LSE constatou a existência de danos nas longarinas e pré-lajes, além do cobrimento de armação menor que o especificado em projeto. Estão relatadas ainda, “constantes falhas durante a concretagem das lajes e transversinas, o que refletiu na observação de fissuras ainda nas etapas construtivas da obra”.

Trincheira Santa Rosa

Iniciada em 10 de junho de 2011, a obra da Trincheira Santa Rosa tinha previsão inicial de entrega para março de 2013, e estava orçada em R$ 23.374.107,80 milhões. Inicialmente sob responsabilidade da Ster Engenharia, a obra foi assumida pela Camargo Campos e atualmente está orçada em R$ 26,3 milhões.

Os laudos detectaram problemas como fissuras nos muros de arrimo e nas cortinas atirantadas, infiltração de água nas cortinas, segregação do concreto e falhas de moldagem na face inferior de uma das vigas.

Assim como na obra da trincheira Jurumirim, verificou-se a realização da drenagem posteriormente à execução da trincheira, o que levou ao generalizado estado de infiltração ao longo da cortina.

A inspeção detectou ainda, os desaprumos das paredes das cortinas e muros, que podem ser observados a olho nú.

Conforme o laudo, a estrutura apresenta também, medidas nas paredes centrais em largura menor do que os valores previstos em projeto. Conclui-se ainda, que foram utilizados na trincheira, tirantes com aço de resistência inferior ao especificado em projeto.

Os laudos recomendam além da mitigação imediata dos defeitos, a realização de inspeções visuais periódicas, seguidas de manutenção preventiva ou substituição de partes se necessário.

Fonte: Midia News

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