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17/06/2013ㅤ Publicado às 17:19

Evento na sede do jornal paulista contou com a presença do presidente do CAU/BR e do IAB Nacional

  “Enquanto os arquitetos não fizerem política, os políticos continuarão fazendo Arquitetura”. A frase do arquiteto mexicano Pedro Ramírez Vázquez, citada pelo presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, deu o tom do debate sobre urbanismo realizado na Folha de S. Paulo, na última quinta-feira, 13 de junho. Entre os temas abordados, estava a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, o programa Minha Casa Minha Vida, a organização das grandes cidades brasileiras e o papel dos arquitetos e urbanistas brasileiros em meio a todos esses processos.

  Participaram do encontro o presidente do CAU/BR e o presidente do IAB Nacional, Sergio Magalhães, além da plateia de cerca de 50 pessoas. A conversa foi mediada pelo jornalista Morris Kachani, repórter especial da Folha. Apresentando dados do Censo dos Arquitetos e Urbanistas Brasileiros, Haroldo destacou que é necessário democratizar a discussão sobre a organização das cidades, com arquitetos responsáveis por propor soluções para a distribuição dos espaços urbanos. “Na França, um país de menor população e bem mais construído, o governo realiza de 1.500 a 2.000 concursos públicos de Arquitetura e Urbanismo por ano, objetivando a melhoria dos espaços públicos pela soma de obras com projetos escolhidos por critério de qualidade, enquanto que no Brasil esse número varia entre 16 e 20 por ano”, disse.

  “Há um passivo socioambiental que a Arquitetura precisa enfrentar junto com a sociedade”, afirmou Sergio Magalhães, referindo-se ao grande crescimento urbano ocorrido no Brasil nos últimos 40 anos. “O trabalho do arquiteto está grandemente voltado para resolver o problema do edifício autônomo. O contexto urbano é pouco desenvolvido”.

  Sobre a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, Sergio afirmou que o grande legado que esses eventos vão deixar é a evidência de que o Estado brasileiro é incapaz de transformar a realidade das cidades brasileiras. “É uma grande oportunidade que está sendo aproveitada de maneira grosseira”, completou Haroldo. “Vai mudar muito pouco a paisagem urbana e os transportes, mas o pior é perder a oportunidade de desenvolvimento científico e tecnológico nas áreas de arquitetura e engenharia”.

  O presidente do CAU/BR citou como exemplo a construção de Brasília, que trouxe grandes desafios técnicos que foram superados internamente, mostrando ao mundo a capacidade brasileira. “Já nos estádios da Copa, a maioria dos projetos veio da Alemanha, muitos de um mesmo escritório”. Morris Kachani perguntou se os profissionais brasileiros ficaram alijados desse processo. “Sem dúvida”, respondeu Haroldo, lembrando que também o programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, baseou-se apenas em números, desconsiderando o planejamento urbanístico.

  “Esse modelo de programa habitacional foi condenado desde a época do BNH [Banco Nacional de Habitação]“, disse Sergio Magalhães. “Estamos tratando nossas cidades com conceitos urbanísticos atrasados em pelo menos 40 anos”.

  Para Haroldo Pinheiro, falta principalmente uma orientação do governo para tratar desses temas no Brasil falta uma “Política de Estado” para a Arquitetura e Urbanismo e para a construção das cidades,. “Em Berlim, após a queda do muro, vários prédios antigos que estavam em guetos foram recuperados a partir dos concursos de Arquitetura. Houve uma política de Estado”, disse. “É o Estado quem deve entender e proporcionar a oportunidade que estamos reivindicando”.

Fonte: CAU/BR

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