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22/04/2013ㅤ Publicado às 15:59

Foto: Empresa Brasil de Comunicação,Rádio Nacional / Divulgação

  Construído em 1929, o Edifício A Noite, localizado na Praça Mauá, no Rio de Janeiro, recebeu no início do mês o título de patrimônio cultural brasileiro, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com 102 metros de altura, o prédio foi o primeiro arranha-céu da América Latina e marco da arquitetura art déco no Brasil.

  Com 22 andares, foi a maior construção em concreto armado da época e teve o projeto estrutural assinado por Emílio Baumgart e o arquitetônico por Elisiário da Cunha Bahiana e Joseph Gire, este último responsável também por projetos como o Copacabana Palace e o Hotel Glória. Construído em dois anos, o A Noite deixou em 1934 o posto de mais alto da América Latina, com a inauguração do Edifício Martinelli, em São Paulo, com 105 metros. Um ano depois, ambos foram desbancados pelo Edifício Cavanagh, em Buenos Aires, e os seus 120 metros de altura.

  Pertencente à União, o A Noite é cedido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), que ocupava 18 dos 22 pavimentos até meados do ano passado – quando foi esvaziado para obras – e à Empresa Brasil de Comunicação, gestora da Rádio Nacional, que mantém no prédio os antigos estúdios e o auditório que marcaram época no rádio brasileiro. As obras pretendem acompanhar a transformação pela qual passa a região da Zona Portuária do Rio de Janeiro, que ganhou recentemente o Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, e receberá, ainda, o Museu do Amanhã, no Pier Mauá.Com o tombamento, pretende-se buscar os investimentos necessários para a modernização do prédio que, além da restauração arquitetônica, deverá receber soluções de sustentabilidade ambiental, instalações elétricas e cabeamento de telefonia.

O principal mirante da cidade

 

  Localizado de frente para a Praça Mauá, o Edifício A Noite já foi o principal mirante da cidade do Rio de Janeiro. Do seu terraço é possível ter uma das mais bonitas vistas da Baía da Guanabara. Quando foi erguido, os navios que ancoravam no Pier Mauá se deparavam com um edifício de estrutura arrojada, que se destacava por sua imensa massa vertical.

  Construído para ser a sede do jornal A Noite, o edifício viveu nas décadas de 1940 e 1950 o apogeu da Rádio Nacional, lá instalada desde a sua criação, em 1936. Enquanto os auditórios eram tomados por populares, os restaurantes do terraço e do térreo eram frequentados pela elite carioca.
  — O A Noite tinha um elevador tão rápido, que as pessoas tinham até medo de subir nele. Lá, realmente, é a nossa Casa. A história da Rádio Nacional está lá — conta a radialista Daisy Lúcidi, há 61 anos na Rádio Nacional, já na expectativa de retornar ao prédio e aos estúdios lendários nos quais interpretou, nos anos de ouro do Rádio, personagens de radionovelas de autores como Dias Gomes e Janete Clair, consagrados depois também na televisão.
  Outra personagem que fez e faz história na Rádio Nacional, Gerdal dos Santos vê no tombamento do A Noite e, consequentemente, dos estúdios que marcaram a época de ouro do rádio brasileiro, um grande reconhecimento ao serviço prestado pela Rádio Nacional.

  — O tombamento do Edifício A Noite é um presente para a Rádio Nacional, para os ouvintes e para a cidade. Não se pode falar em revitalização da Zona Portuária sem que a Rádio Nacional e o Edifício A Noite estejam incluídos. A Rádio Nacional e o Edifício A Noite, construído pelo grupo que a criou, fazem parte do mesmo corpo. Um remete ao outro. O prédio, além de endereço da emissora, é histórico também como ícone arquitetônico, tanto pelo fato de ter sido o primeiro “arranha-céu” da América Latina, como também uma das primeiras grandes edificações em Art-Déco no país – afirma o gerente da Rádio, Cristiano Ottoni de Menezes.

Fonte: Zero Hora

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