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16/06/2013ㅤ Publicado às 10:18

  Uma respeitosa saudação, uma espécie de “namastê” – cumprimento indiano silencioso, em que a pessoa se curva respeitosamente ao outro ou a uma imagem, no caso, a natureza. Eis uma representação possível, estética e conceitualmente, desta construção, tão gentilmente inserida na paisagem.

 

  A ideia primeira e principal do projeto, assinado por Marcio Kogan e pela equipe do seu studiomk27, foi fazer um “stretch do arquétipo de casa”, como conta o arquiteto, referindo-se àquele desenho que toda criancinha faz, com telhado de dois caimentos. O modelo, porém, foi megaexpandido, formando uma planta retangular para lá de generosa, com 55 m de frente por 14 m na lateral.

 

  Esparramado pelo gramado, que se estende por um campo de golfe afora, esse enorme volume horizontal ganhou um telhado verde, completamente coberto por grama. Assim, a casa parece brotar da terra. De longe, é como uma dobradura do terreno gramado. E esse verde é também, de longe, o protagonista do projeto. Não apenas simbólica e esteticamente, mas também do ponto de vista técnico, como diz Kogan. Segundo a arquiteta Maria Cristina Motta, coautora da obra, a escolha também contemplou o conforto térmico. A vegetação no telhado funciona como isolante ao criar uma barreira para a passagem do calor. A piscina colabora com toda a plácida horizontalidade, em que natureza e construção se fundem. Por ser de fundo infinito nas três bordas, ela funciona como um espelho que reflete o entorno.

  “Como a maior parte dos nossos projetos, esse é um trabalho site specific, feito para esse lugar e essas pessoas. Com isso, buscamos elementos da natureza circundante e da família que a habita, como afetuosidade e modernidade, para desenvolver uma resposta espacial”, diz Kogan. O lugar é um condomínio na cidade de Bragança Paulista, interior de São Paulo, e a casa de fim de semana e férias é ocupada por um casal e quatro filhos adultos.

 

  Essa grande família dispõe de uma espécie de “praça” de convívio social, num eixo que corta o volume da construção no sentido transversal, tem início na porta de entrada e termina na piscina. No centro desse eixo, a praça comporta um estar, um forno de pizza e uma senhora churrasqueira para atender ao pai e gourmet, além de conectar os dois blocos laterais. Um deles é dedicado aos espaços de intimidade da família, como a sala de TV e o estúdio de gravação da mãe, cantora amadora. No outro, ficam as suítes, a sala, a cozinha e a área de serviço.

 

  A sensação de aconchego transmitida pelo traço arquetípico de casa, tão conhecido do imaginário de todos, é acompanhada por design de interiores assinado por Diana Radomysler, do studiomk27, e “concebido para abraçar quem lá habita”, como diz o arquiteto. Alguns exemplos são a iluminação suave e indireta, o uso ostensivo da madeira em todo o forro e as incríveis portas-camarão de freijó ripado, que filtram a luz, promovendo um desenho interno, uma bela textura, além de manterem a privacidade e, ao mesmo tempo, permitirem a visão externa. E mais: peças antigas misturadas a reedições de clássicos nacionais, de madeiras reaproveitadas e rústicas, couro, tecidos naturais, como linho, e o simples e também rústico granito apicoado no piso de toda a casa. “Tudo isso é apenas um suporte para a história dos moradores, suas interações e seus objetos, como a antiga coleção de enciclopédias dos avós e fotos da família”, diz Kogan.

Fonte: Casa Vogue Globo

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