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05/05/2013ㅤ Publicado às 10:01

Entrevista com Toyo Ito por ArchDaily via Skype

Entrevista com Toyo Ito por ArchDaily via Skype

Entrevista por David Basulto para o Archdaily. Tradução Archdaily Brasil.

Há alguns dias atrás, tivemos a oportunidade de falar com Toyo-san, o vencedor do prêmio Pritzker de 2013. Em uma conversa rápida, porém intensa, o arquiteto compartilhou conosco suas ideias com palavras precisas sobre seu processo de projeto e o que ele pensa sobre arquitetura, sobre tudo que está conectado aos aspectos humanos de sua profissão e sobre como compreender e se relacionar com as pessoas.

Para você, o que é arquitetura?

(Risadas) Que pergunta difícil! A arquitetura é a relação entre uma pessoa com outra, algo que possa fazer as pessoas se reunirem.

Como você se sentiu, como um arquiteto, frente ao desastre do terremoto de 2011 no Japão?

Como uma pessoa que encara um desastre como este, tive a responsabilidade de fazer algo para as pessoas que perderam suas casas na região e ao conversar com as pessoas no local deste desastre, eu percebi uma similaridade com a questão anterior, o que é arquitetura. Acredito que foi uma grande oportunidade para pensar, para recomeçar do zero sobre o que a arquitetura é fundamentalmente.

 

Para este projeto, você convidou outras pessoas para colaborarem…

Nesta era da arquitetura contemporânea, eu senti que a individualidade, a identidade pessoal parece ser um aspecto muito importante. Após este disastre, eu quis repensar esta indidualidade para superá-la e, para isto, a colaboração foi muito importante.

Na citação do júri, você mencionou que não queria ser classificado por um estilo específico. Como você promove esta constante inovação dentro de seu escritório? O que faz com que vocês sigam avançando todos os dias?

Eu sempre achei que se alguém procura seguir seu próprio estilo, então a única possibilidade será a de sofisticar o que se decidiu como um estilo particular, o que é muito frustante. Ao invés de adotar um estilo específico, eu procuro encontrar novas pessoas e conversar com elas, comunicando-lhes e, a partir disto, novas situações surgirão e é isto que me mantém inspirado em muitos casos.

Mediateca de Sendai

Mediateca de Sendai

Você mencionou que a Mediateca de Sendai é um dos pontos mais altos de sua carreira. Como este edifício em particular tem influenciado seu trabalho?

Eu sinto que antes do projeto da Mediateca, muitos de meus projetos não poderiam ser realizados. Então, na verdade, por causa da Mediateca, meu pensamento mudou e evoluiu, o que contribuiu também para muitos de meus projetos, alguns deles evoluíram basicamente da Mediateca de Sendai, como por exemplo a Ópera de Taichung e a Biblioteca em Gifu, que chamamos de Media Cosmos. Estes projetos estão relacionados à Mediateca e evoluíram dela. Acredito que os elementos da Mediateca de Sendai continuarão evoluindo no futuro.

Tive a oportunidade de visitar seus projetos no Japão, mas também uma casa que você projetou no Chile. Como você aborda projetos em outros países, outras culturas?

Acredito que estar envolvido em projetos em outros países torna muito difícil absorvê-los a partir do zero. Creio que o diálogo é muito importante como um processo de projeto, pois com as primeiras conversas com as pessoas do local, novas ideias aparecerão e coisas que eu não havia pensado surgirão. Devido ao fato da cultura japonesa está incorporada dentro de mim, quando converso com pessoas do local, há uma mistura deste conhecimento e desta cultura, o que dá origem a uma nova arquitetura.

Ópera Metropolitanade Taichung

Ópera Metropolitanade Taichung

Como é o processo com seus clientes? Você lembra de um cliente em particular que se apresentou como um desafio durante o processo?

Não tive nenhuma experiência com um cliente cujo desafio tenha causado um impacto que mudasse o edifício imensamente. Normalmente, durante um projeto, enviamos ao cliente uma imagem e o cliente observará esta imagem e nos enviará uma resposta. E nós receberemos esta resposta e, mais uma vez, repetiremos este feedback. Logo, o projeto avança, pouco a pouco, ao invés de haver este grande impacto. O edifício evolui constantemente.

 Houve algum concurso que você gostaria de ter ganhado mas não ganhou?

O concurso para o Performing Arts Center em Gent, o qual o escritório não venceu infelizmente, foi uma proposta bastante desafiadora. Mas a ideia evoluiu para a Ópera de Taichung, que está sendo construída neste momento, um concurso no qual evoluímos as ideias que tivemos para o Performing Arts Center.

Que elementos fora do campo da arquitetura contribuem para seu trabalho?

Eu gosto muito de fazer longas caminhadas na cidade, sem focar em nada de particular, apenas prestando atenção às diferentes culturas e à comida, e daquelas experiências das quais eu recebo feedback que se tornam ideias de projeto. Isto acontece especialmente quando estou no exterior, onde mesmo não falando a língua local, o som e a pronunciação das pessoas falando inspiram meu pensamento.

Acredito que você deve estar muito ocupado preparando-se para este prêmio, então é isso. Muito obrigado pelo seu tempo.

Arigatô!

 

Fonte: ArchDaily Brasil

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