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04/04/2013ㅤ Publicado às 17:01

Mesmo que tenha projetado alguns museus, entre eles o Masp, Lina Bo Bardi sempre olhou para a arte criada fora deles. Numa aula que deu em 1989, três anos antes de morrer, a arquiteta disse que “muitas das artes plásticas são uma solene porcaria, sem nenhum conteúdo”.

Mais de duas décadas depois, Bo Bardi virou uma figura quase idolatrada no meio da arte, sendo tema de obras e inspirando outras tantas com sua arquitetura de transparências poderosas.

Uma leva de artistas, todos no panteão do mercado e das grandes mostras, faz agora intervenções em sua Casa de Vidro, onde viveu por mais de quatro décadas, e no Sesc Pompeia, fábrica que transformou em centro cultural.

Num processo que começou com uma visita do arquiteto holandês Rem Koolhaas às obras da arquiteta há dois anos e teve, no ano passado, uma série de performances de artistas como Gilbert & George e Cinthia Marcelle, a casa transparente do Morumbi agora será ocupada com obras menos efêmeras.

Reunindo um elenco estelar, de Olafur Eliasson a Ernesto Neto, em dois espaços icônicos do modernismo brasileiro, essa é uma das mostras mais aguardadas do ano.

Não é a primeira vez, aliás, que Hans Ulrich Obrist, um dos nomes mais influentes no circuito global, inventa mostras em escala doméstica. Ele já encheu de obras a casa do poeta espanhol Federico García Lorca e também do arquiteto mexicano Luis Barragán.

“Esse contexto doméstico suscita peças mais íntimas”, diz Ulrich Obrist, em entrevista à Folha. “Tem a ver com a harmonia entre a luz e as transparências. Essa casa parece desafiar a gravidade, o que aguça os sentidos.”

Nomes como Waltercio Caldas, Cildo Meireles, Dominique Gonzalez-Foerster, Rivane Neuenschwander e Jonathas de Andrade reagem agora em suas obras à herança do modernismo tropical defendido pela arquiteta e às transparências de sua casa.

Gonzalez-Foerster, por exemplo, exacerba a ideia de fundir espaços internos e externos na obra de Bo Bardi com um trabalho em que reproduz no jardim uma estrutura que lembra o piso de pastilhas azuis da sala da casa.

Refletindo sobre o destino nem sempre glorioso dessa arquitetura, Andrade revê aqui a série de fotografias em que retratou um iate clube abandonado em Maceió, mostrando os espaços da construção modernista em Alagoas cheios d’água na maré alta e vazios na baixa.

No meio das cadeiras que Bo Bardi colecionava, Neuenschwander infiltrou alguns móveis de sua autoria, camuflando sua obra no mobiliário original da Casa de Vidro.

Outra peça que toma partido dos móveis inventados pela arquiteta é um espelho criado pelo dinamarquês Olafur Eliasson, que usou uma estrutura semelhante aos cavaletes de vidro que Bo Bardi desenhou para o Masp.

PARASITA

No Sesc Pompeia, Ernesto Neto montou uma estrutura gigante. “É uma espécie de bolha que vai parasitar a geometria austera do lugar”, diz o curador. “É uma reflexão entre o interior e o exterior.”

Dan Graham, com outra obra inédita, também olha para esse contraste entre os lados de dentro e de fora construindo um pavilhão ao ar livre, perto das espreguiçadeiras onde visitantes do Sesc costumam tomar sol.

“Esses espaços provocam os artistas”, diz Obrist. “No fundo, essa é uma conversa deles com a arquitetura.”

Fonte: Folha

 

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