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14/02/2014ㅤ Publicado às 15:00

Arquitetura e Urbanismo do Brasil perderam hoje um de seus expoentes. CAU/BR faz homenagem ao arquiteto em Reunião Plenária

Faleceu nesta sexta-feira, em São Paulo, o arquiteto e urbanista Jorge Wilheim, aos 85 anos. “Perdemos um grande arquiteto, urbanista e humanista, um dos destacados signatários do abaixo-assinado de 2003 em defesa da criação do CAU”, disse o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro. “Ele é muito conhecido como urbanista, com justa razão, mas era também um arquiteto talentoso e precoce. No primeiro ano em que se formou, ganhou o concurso de arquitetura para a construção da Santa Casa de Jaú”, disse.

“Como urbanista, Jorge Wilheim foi responsável por planos diretores emblemáticos, como o de Curitiba, e o primeiro Plano Diretor Estratégico de São Paulo elaborado no período da redemocratização do País, com intenso debate e preocupação social. Ele não se deixava seduzir por sonhos, era muito pragmático e nisso teve uma conduta firme pela valorização da escala humana no projeto, o indíviduo como elemento central do lugar, o que está bem refletido na reurbanização do vale do Anhangabaú, que projetou com Rosa Kliass. Seus livros e ensaios tem um valor não apenas técnico ou social, mas de qualidade literária. Como homem público era um conciliador, seu talento pairaria sobre questões político-parttidárias, tanto que ocupou cargos em gestões de diferentes governos. Um valor que a ONU soube reconhecer, ao nomeá-lo secretário-adjunto da Habitat II, realizada em Istambul, trabalho que teve continuidade com a responsabilidade de reestruturação do próprio organismo. O que dá uma dimensão internacional ao impacto de seu falecimento. Nossa comunidade empobreceu”.

Reunidos em Brasília para a 27ª Reunião Plenária, os conselheiros do CAU/BR homenagearam a memória do colega com um minuto de silêncio. “Um grande arquiteto que só dignificou a nossa categoria”, disse o conselheiro Fernando Costa (RN). “Foi um dos autores que mais consultei quando fiz minha dissertação na universidade”, afirmou Antônio Francisco de Oliveira (PB).

Italiano de nascimento, Jorge Wilheim chegou ao Brasil ainda na infância. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1952. Participou do concurso para a realização do anteprojeto de plano diretor de Brasília, com Maurício Segall, Pedro Paulo Poppovic, Péricles do Amaral Botelho, Riolando Silveira, José Meiches, Rosa Kliass, Arnaldo Tonissi, Odiléia Helena Setti e Alfredo Gomes Carneiro. Cinco anos mais tarde, associado a Carlos Millan (1927-1964) e Maurício Tuck Schneider, vence o concurso para a construção do Edifício Jockey Club de São Paulo, no Largo do Ouvidor. Realizou inúmeros planos diretores para cidades em desenvolvimento, como Curitiba, Joinville, Osasco, Natal e Goiânia. Em 1969, fez o projeto do Parque Anhembi, em São Paulo, cujas instalações incluem o Pavilhão de Exposições, o Palácio das Convenções e um hotel. De sua imaginação vieram as sedes do Hospital Albert Einstein, da Fundação de Apoio e Amparo à Pesquisa (FAPESP), Clube Hebraica, SESI Vila Mariana, Indústria Gessy Lever e Coti, prédio do Jockey Clube de São Paulo e a Galeria Ouro Fino. Associado a Rosa Kliass e Jamil Kfouri, vence o concurso para a reurbanização do vale do Anhangabaú, construído e inaugurado dez anos mais tarde.

Praça do Vale do Anhangabaú no Centro Velho de São Paulo, no Brasil. Projeto de Rosa Kliass e Jorge Wilheim. © Gabriel Fernandes via http://pt.wikipedia.org

Em 1975, começou uma longa e profícua carreira na vida pública, quando atuou como secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo. Foi titular da Secretaria Municipal de Planejamento de São Paulo, quando coordenou a elaboração do plano diretor da cidade, em 1984 (não efetivado). No governo Orestes Quércia, de 1987 a 1991, foi nomeado secretário estadual do Meio Ambiente e, na administração seguinte, de Luiz Antônio Fleury Filho, foi presidente da Empresa Metropolitana de Planejamento da Grande São Paulo (Emplasa). Em 1994, a convite da Organização das Nações Unidas (ONU), mudou-se para Nairóbi, no Quênia, para assumir o cargo de secretário-geral adjunto da Conferência Mundial Habitat II, realizada em 1996, em Istambul, na Turquia.

De volta ao Brasil, retoma projetos de planos diretores para cidades como Campos do Jordão, São Paulo, em 2000, e Araxá, Minas Gerais, em 2002, além de realizar o projeto da cidade industrial de Londrina, Paraná, em 1997. Retorna à vida pública na administração da prefeita Marta Suplicy, entre 2001 a 2004, novamente como presidente da Sempla, e coordena a elaboração do plano diretor estratégico de 2002. Nesse período, publica o livro Tênue Esperança no Vasto Caos: Questões do Proto-Renascimento do Século XXI, em que procura sistematizar sua experiência no campo do urbanismo, lançando perspectivas para o futuro das cidades.

O sociólogo espanho Manuel Castell uma vez definiu Jorge Wilheim como um “visionário pragmático, sempre interessado nos grandes debates intelectuais, mas também desconfiado da aristocrática alienação de certos teóricos de esquerda”.

Com informações da Enciclopédia Itaú Cultural.

Fonte: CAU/BR

Comunicação CAU/MT

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